Priscylla de Lêu

"Olha as estrelas. Enquanto elas brilharem haverá esperança na vida"  Érico Veríssimo

Textos


Marvin.
     Tive uma semana bem pesada, de notícias ruins! E toda essa coisa me fez pensar na vida. Vejam só: Desde pequenos, somos doutrinados que um dia vamos perder nossos pais, eles nos preparam não só para o mundo, mas sim, para o mundo com a ausência deles, fazemos 30, 40 anos e nossa arrogância nos permite pensar que somos adultos e estamos prontos para a vida, coisa e tal, e aí... vem uma doença e os torna dependentes da gente, enfim, chega o derradeiro momento que eles tanto nos prepararam. Não podemos mais nos permitir a ser crianças (eles sempre nos tratam assim, por mais que a gente reclame), temos que ser realmente adultos, até porque eles precisam de nossa proteção. Diante do exposto, vem uma questão: E agora? Quem nos protege? Eles nos deram isso a vida toda! Fui ensinada a protegê-los? Ou só para perdê-los?

     Confesso com pureza d’alma, que por mais que se espere que isso vai acontecer, nós nunca, nunca estamos de fato preparados. É chegado o momento que eles só podem contar com a gente, mas aí você pensa que tudo que você faz ou fez é o que eles te ensinaram e que temos que usar o que eles nos ensinaram com eles mesmos. Estranho né? Eles sempre dizem: “Crio meus filhos para o mundo!” Mas no fundo não, Criam para eles também!

Hoje acordei pensando no refrão da música “Marvin”:

"Marvin, agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer"
"Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de côr"
(Titãs)

     Agora tudo que se tem é o que foi ensinado, eles fizeram o melhor. Mas novamente confesso: Isso tudo, por mais que se espere, é desconhecido pra mim, não posso chorar, lamentar, porque é da vida! E chorar, de fato, não vai adiantar nada, isso só me trará um desespero, que me torna cega de razão e me impedirá de agir com lógica. É... definidamente, não aprendi a lição por completo. Não sei viver com essa ausência. E acho que nenhum de nós sabe. Fomos, supostamente, preparados para a morte, mas não para doença ou martírio de nossos pais. Bizarro isso né? Me sinto “Marvin, agora é só você...” É... mas pensando bem, posso chorar em silêncio, aliás... acho terapêutico fazer isso.

     Cabe a mim, agora, nesse momento, fazer das tripas coração para fazer o meu melhor, ou pelo menos tentar.


 
Priscylla de Lêu
Enviado por Priscylla de Lêu em 01/05/2015
Alterado em 01/05/2015
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